LCIs e LCAs
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LCIs e LCAs em fundos crescem até 43%: entenda a corrida antes do possível fim da isenção

A discussão LCIs e LCAs, em torno da tributação de investimentos isentos, especialmente das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e das Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), movimentou o mercado financeiro em 2025. Mesmo com a possibilidade de perderem o benefício da isenção de Imposto de Renda a partir de 2026, esses títulos tiveram crescimento expressivo no patrimônio de fundos, refletindo uma corrida de investidores em busca de aproveitar a vantagem fiscal enquanto ela ainda está disponível.

Segundo a Anbima, o volume aplicado em LCAs cresceu 19,7% no primeiro semestre, alcançando R$ 13,7 bilhões. Já as LCIs avançaram ainda mais, 43,1%, somando R$ 17,3 bilhões. Esse movimento reforça a relevância dos papéis na estratégia de diversificação das carteiras e evidencia como a expectativa de mudanças regulatórias pode acelerar decisões de investimento.


O crescimento dos investimentos isentos

Além das LCIs e LCAs, outros ativos incentivados também registraram aumento. As debêntures incentivadas subiram 6,5%, atingindo R$ 15,7 bilhões. Os CRIs cresceram 9,6%, somando R$ 10,1 bilhões, enquanto os CRAs recuaram 4%, para R$ 6,1 bilhões.

No agregado, os títulos incentivados avançaram 15,6%, chegando a R$ 67,3 bilhões sob gestão. No total, os gestores administravam R$ 540,3 bilhões ao fim do semestre, alta de 7,1% em relação a 2024.

Tatiana Itikawa, superintendente de Representação da Anbima, destacou que a diversificação foi essencial:

“Os gestores se apoiaram em uma estratégia de diversificação para contornar os desafios das conjunturas econômicas doméstica e internacional, com avanços importantes tanto na renda fixa quanto na renda variável.”


Renda fixa puxa o avanço dos fundos

A renda fixa consolidou sua força, com crescimento de 9,4%, totalizando R$ 245,5 bilhões sob gestão — quase metade do patrimônio das carteiras. Entre os destaques estiveram:

  • FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), com salto de 31,9%, chegando a R$ 36,6 bilhões;
  • Títulos públicos, em alta de 10,7%, somando R$ 42,9 bilhões;
  • LCIs e LCAs, que lideraram a expansão dos incentivados.

Na contramão, os fundos de renda fixa recuaram 1% (R$ 58,9 bilhões) e os CDBs caíram 3,5%, totalizando R$ 11,5 bilhões. As debêntures tradicionais também encolheram, com queda de 11,4%, para R$ 10,6 bilhões.


Corrida por isenção e impacto nos spreads

O crescimento das LCIs e LCAs está diretamente ligado às discussões em torno da MP 1.303/25, que prevê a tributação desses papéis a partir de 2026, com alíquota inicial de 7,5%.

Embora o parecer do relator tenha mantido a isenção para debêntures incentivadas, CRIs e CRAs, outros títulos de crédito, como LCIs, LCAs e LIGs, podem perder o benefício.

Esse cenário estimulou investidores e gestores a antecipar operações em 2025, aproveitando os últimos meses de isenção. Como consequência, houve:

  • Aumento da demanda no mercado primário e secundário;
  • Redução dos spreads dos títulos em cerca de 12 pontos-base;
  • Avanço de 0,45% na carteira de ativos incentivados, segundo o índice IDA – IPCA Incentivados.

Para o Bradesco BBI, essa corrida de antecipação foi decisiva para o recuo dos spreads, já que a busca por papéis isentos acelerou de forma incomum.


O que são LCIs e LCAs?

  • LCI (Letra de Crédito Imobiliário): título de renda fixa emitido por instituições financeiras para financiar o setor imobiliário.
  • LCA (Letra de Crédito do Agronegócio): semelhante à LCI, mas voltada para financiar o setor agrícola.

Ambos são garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil por CPF e instituição, e, até o momento, contam com isenção de IR para pessoas físicas, o que aumenta sua atratividade.


Vantagens e riscos

Vantagens:

  • Isenção de IR (até 2025).
  • Segurança do FGC.
  • Rentabilidade competitiva na renda fixa.
  • Alternativa para diversificação da carteira.

Riscos:

  • Possível perda da isenção a partir de 2026.
  • Menor liquidez em comparação a CDBs.
  • Dependência do desempenho dos setores imobiliário e agrícola.

Estratégias para investidores diante da mudança

Com a possível tributação futura, o investidor deve:

  1. Aproveitar 2025 para garantir o benefício fiscal.
  2. Diversificar em outros ativos isentos (debêntures incentivadas, CRIs, CRAs).
  3. Considerar fundos de infraestrutura, que seguem atraentes e permanecem isentos.
  4. Avaliar a relação entre rentabilidade líquida e risco, já considerando a tributação futura.

FAQ – Perguntas frequentes

1. LCIs e LCAs vão perder a isenção de IR?
Segundo a MP 1.303/25, sim, a partir de 2026, com tributação de 7,5%. Mas o tema ainda está em discussão no Congresso.

2. Vale a pena investir em LCIs e LCAs agora?
Sim, porque ainda há isenção em 2025, o que garante uma rentabilidade líquida maior em comparação a outros ativos tributados.

3. Qual a diferença entre LCI, LCA e CDB?
O CDB é tributado pelo IR, enquanto LCIs e LCAs, até 2025, não são. Além disso, os recursos captados são destinados a setores específicos (imobiliário e agrícola).

4. LCIs e LCAs são seguras?
Sim, têm a cobertura do FGC até R$ 250 mil por CPF e instituição.

5. Como escolher entre LCI e LCA?
A decisão depende do prazo, rentabilidade e estratégia de diversificação. Muitos investidores combinam ambos para equilibrar riscos.


Conclusão

O crescimento das LCIs e LCAs em 2025 mostra como o mercado reage rapidamente a mudanças regulatórias. Com a possibilidade de perda da isenção de IR, investidores e gestores anteciparam movimentos, elevando a demanda por esses papéis e pressionando os spreads.

Para quem busca segurança e rentabilidade líquida no curto prazo, as LCIs e LCAs continuam sendo uma excelente alternativa até o fim de 2025. A partir de 2026, o desafio será reavaliar estratégias e buscar alternativas igualmente vantajosas.


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