Tarifaço Brasil-EUA: Lula e Trump abrem 1 caminho para reduzir tarifas e proteger exportadores
Tarifaço Brasil-EUA: conversa entre Lula e Trump anima exportadores e abre caminho para redução de tarifas ainda em 2025.
Introdução: o telefonema que acendeu esperanças
Na última semana, o Brasil viveu um momento histórico nas relações comerciais com os Estados Unidos. O telefonema entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump trouxe sinais positivos para setores exportadores brasileiros, especialmente aqueles mais afetados pelo tarifaço Brasil-EUA, como carnes, café, celulose e aeronaves.
Empresários e associações setoriais interpretam a conversa como uma oportunidade real de ampliar isenções e reduzir impactos de tarifas elevadas, que chegaram a 50% sobre produtos estratégicos. Esse movimento é fruto de uma combinação de diplomacia oficial e empresarial, que nos últimos meses pressionou autoridades americanas de forma coordenada.
Para muitos, essa iniciativa privada, chamada de “diplomacia empresarial”, foi tão importante quanto as tratativas oficiais. Ela tem mostrado que o diálogo focado em interesses econômicos concretos é mais eficaz do que disputas ideológicas, especialmente quando se trata de comércio internacional.
O que é o tarifaço Brasil-EUA e quem foi afetado
O chamado tarifaço é o conjunto de barreiras tarifárias impostas pelos EUA a produtos brasileiros. A medida atingiu especialmente setores estratégicos, provocando impacto direto na competitividade e nos preços para consumidores americanos. Entre os setores mais atingidos, destacam-se:
- Proteína animal: carne bovina e suína sofreram aumento de até 50% nas tarifas;
- Café arábica: produtos tiveram preços majorados na bolsa americana, afetando tanto exportadores quanto importadores;
- Celulose: inicialmente tributada, mas com exceções concedidas após negociação;
- Aeronaves civis: Embraer obteve isenção parcial antes do início do tarifaço;
- Máquinas e equipamentos industriais: impactadas principalmente no comércio B2B;
- Setor têxtil e fibras especiais: algumas categorias, como corda de sisal, mantiveram isenção, mas o restante enfrentou alta tributação.
O efeito dessas medidas foi sentido em diversas frentes:
- Aumento do preço de produtos nos EUA;
- Redução da competitividade do Brasil em mercados estratégicos;
- Pressão sobre exportadores brasileiros para negociar exceções;
- Impacto no planejamento estratégico de empresas multinacionais e seus investimentos.
Proteína animal: o setor mais pressionado
O setor de carnes é talvez o mais emblemático do impacto do tarifaço. Executivos afirmam que a alta das tarifas fez com que o preço da carne brasileira aumentasse nos EUA, principalmente devido a um rebanho americano historicamente baixo nos últimos 70 anos.
O resultado? A carne brasileira, mais acessível, tornou-se menos competitiva, mesmo sendo uma solução para atender a demanda crescente do consumidor americano. Ao mesmo tempo, importadores americanos pressionam para que cortes do Brasil sejam incluídos na lista de exceções, argumentando que o tarifaço prejudica o próprio consumidor local.
Um executivo do setor resume bem:
“O tarifaço não afeta só o Brasil, mas também os consumidores americanos e o mercado interno de proteínas deles. Há uma grande pressão para corrigir essa distorção.”
O papel de Joesley Batista
O empresário Joesley Batista, um dos controladores da JBS, esteve nos Estados Unidos em setembro para reuniões estratégicas com autoridades americanas. Ele destacou que a empresa emprega mais de 90 mil americanos, enfatizando que o tarifaço afeta também o investimento e emprego nos EUA.
Além disso, argumentou que as tarifas tornam o setor menos eficiente e competitivo, prejudicando não apenas exportadores brasileiros, mas também importadores americanos que dependem de produtos de menor custo.
O café: símbolo da disputa comercial
O café arábica, produto estratégico do Brasil, se tornou símbolo da disputa comercial com os Estados Unidos. Desde a imposição do tarifaço, a cotação do café arábica aumentou cerca de 40% na bolsa americana, reforçando a argumentação de que o consumidor final nos EUA é prejudicado.
Marcos Matos, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cacafé), comenta:
“Esse início de diálogo já nos ajuda. Temos contado com auxílio direto de CEOs americanos do setor, e eles demonstram otimismo. Nosso foco é mostrar os efeitos econômicos reais do tarifaço sobre o mercado.”
O café ilustra bem como uma política tarifária mal calibrada pode gerar repercussões negativas fora do país exportador.
Diplomacia empresarial: uma força estratégica
A diplomacia empresarial desempenhou papel essencial na abertura do diálogo com Trump. Ela envolveu:
- Contato direto com parlamentares republicanos;
- Envolvimento de importadores americanos próximos a membros do governo;
- Reuniões estratégicas com órgãos como USTR (United States Trade Representative);
- Argumentos centrados em dados econômicos, demonstrando que o tarifaço prejudica o mercado consumidor americano.
Impacto da iniciativa privada
Empresários destacam que a iniciativa privada ajudou a contrapor a narrativa política de Figueiredo e Eduardo Bolsonaro, permitindo que a negociação econômica ganhasse espaço e fosse tratada estritamente em termos comerciais.
José Velloso, presidente da Abimaq, afirma:
“O Brasil é importante para os EUA, mas não é prioritário. A pressão de empresários americanos próximos aos republicanos ajuda a trazer a questão para o lado econômico. Alguns foram doadores de campanha e a maioria das exportações industriais, mais de 80%, ocorre entre matriz e filial. Taxar não faz sentido.”
Aeronaves e celulose: casos de sucesso
Embraer
A Embraer obteve isenção parcial para aeronaves civis ainda antes da vigência do tarifaço, após negociações diretas nos Estados Unidos. O movimento demonstrou que pressão estruturada, bem fundamentada e econômica pode gerar resultados rápidos.
Celulose
O setor de celulose também foi beneficiado com a retirada de sobretaxas. Essa conquista resultou de ações coordenadas entre empresas brasileiras e autoridades americanas, mostrando que mesmo setores secundários podem ser protegidos quando há mobilização estratégica.
Têxtil e outros setores
Embora menos visíveis, setores como têxtil também sofreram impactos do tarifaço. Fernando Pimentel, presidente da ABIT, comenta que a diplomacia empresarial foi essencial para abrir o diálogo e buscar redução gradual das barreiras, mesmo que o efeito seja mais lento.
Estratégias para reverter o tarifaço
Empresários e analistas apontam algumas estratégias eficazes:
- Negociações bilaterais focadas em comércio, sem interferência política.
- Pressão de importadores americanos próximos a parlamentares, influenciando decisões comerciais.
- Demonstração de prejuízos ao consumidor final nos Estados Unidos.
- Participação ativa de associações e grupos empresariais para garantir representatividade.
- Uso de precedentes positivos, como casos da Embraer e da celulose, para argumentar concessões.
O objetivo é ampliar a lista de produtos brasileiros com tarifas reduzidas, protegendo exportadores e mantendo competitividade.
Perspectivas para 2025 e além
Mesmo com sinais positivos, desafios persistem:
- Um acordo formal amplo ainda é improvável no curto prazo;
- O Brasil não é prioridade absoluta na agenda americana, que negocia simultaneamente com Europa e Japão;
- Manter boa relação comercial e consistência na estratégia é essencial para ampliar exceções;
- A narrativa política anterior perde espaço, permitindo negociações estritamente econômicas.
Reservadamente, empresários destacam que o movimento da iniciativa privada brasileira, incluindo o agronegócio, foi crucial para abrir espaço na agenda econômica americana.
Impacto econômico estimado
Segundo projeções de analistas:
- O tarifaço aumentou os preços de produtos importados americanos em até 40%;
- Reduziu a competitividade de exportadores brasileiros;
- Pressionou investimentos de empresas multinacionais;
- Pode afetar até o PIB brasileiro se as tarifas se mantiverem prolongadamente;
- Consumidores americanos também sentem impacto direto, principalmente em produtos como carne e café.
Essa análise reforça a necessidade de medidas estratégicas e negociações rápidas para minimizar perdas.
Conclusão: otimismo cauteloso para exportadores
O telefonema entre Lula e Trump abriu uma janela de oportunidades.
Se a relação se mantiver positiva, algumas tarifas podem ser reduzidas ainda em 2025, beneficiando empresas e consumidores.
O movimento demonstra que a diplomacia empresarial é complementar à oficial, sendo decisiva para abrir diálogos que se concentram em interesses econômicos concretos.
Empresários e investidores devem:
- Acompanhar próximos passos nas negociações;
- Manter canais de comunicação abertos com autoridades;
- Planejar estratégias de diversificação para reduzir riscos comerciais.
Se você atua no comércio exterior ou acompanha o setor de exportações, fique atento às próximas negociações e considere como a diplomacia econômica pode impactar seus negócios.
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